quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Recriando Sons no Nosso Ritmo - Viva Criança - 10 anos!




Vídeo do Projeto
 
Depoimento de Herman Hudson de Oliveira - articulador pedagógico do Projeto Recriando Sons no Nosso Ritmo, da Associação Comunitária Viva Criança, realizado em 1999-2000 com o apoio do Projeto Crer para Ver da Fundação Abrinq para os Direitos da Criança e Natura Cosméticos:

Este foi um trabalho coletivo e uma lição de vida, embora eu tenha sido um dos líderes e, no aspecto pedagógico, o principal articulador, outros musicadores, entre eles, principalmente, Rose, Bruno e Juan, foram fundamentais para que o projeto acontecesse.

Um trabalho que acaba de completar dez anos de realização e que deu frutos indiretos, mas ao refletir sobre tudo isso, cheguei a conclusões bastante animadoras e muito diferentes da perspectiva que tive ao seu término.

Desculpem pelo tom absolutamente repleto desses axiomas de fim de ano, mas posso afirmar que é a pura existência.

Ao contrário de minha completa sensação de derrota, finalmente (ou não) compreendi que uma boa luta não necessita terminar com vitória e que, se não colhemos o fruto isso não quer dizer que eles não existam, apenas não são/estão visíveis, pois há um tempo pra tudo.

Meu ego e minha vaidade na época eram tão absurdamente gigantescos que não me permitiram entrever resultados para além dos conflitos e da exaustão que me abateu nas últimas semanas do projeto e, por isso, recuperar as imagens e compatibilizá-las com uma escuta fenomenológica me ajudou a entender que aquelas crianças e as escolas e os pais apostaram e confiaram em nós de maneira tal que proporcionaram momentos de mágica integração!

Se não conseguimos realizar tudo o que projetamos não foi por falta de competência (um pouco talvez sim, rs), mas por falta de tempo, falta de saúde (meu cisto parecia um caroço de feijão no final de tudo), falta de mais parcerias, mas também porque sonhamos e voamos um voo muito alto com aquele povo todo.

Todavia, o que fizemos foi mais do que qualquer um poderia ter sonhado, desde o dia em que saímos num fuscão visitando todas as escolas da zona rural (já nem lembro quantas), apresentando o projeto, fazendo uma oficina preliminar, jogando futebol, comendo a mesma comida, rolando no mesmo chão, pra depois dizer pra eles que eram pessoas especiais, que seu ambiente estava repleto de coisas e sons e música e que poderiam sonhar também e apostar.

E aquelas crianças, que no começo sequer nos olhavam, se tornaram nossas pequenas parceiras.

Sem nenhum saudosismo ou pretensão... Fizemos uma história, criamos um tempo, deixamos uma marca em pessoas e isso mudou tudo, deixou tudo diferente, como a poeira da estrada de que falava Castañeda: quem sabe um dia não volte a entrar em seus olhos?!?

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